"Vou-me embora, vou-me embora ... Eu aqui volto mais não ... Vou morar no infinito ... E virar constelação” (Portela, Samba Enredo 1975 - - Macunaíma

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Pesquisas ...



Mário de Andrade, antes de escrever Macunaíma, fez pesquisas e consultas detalhadas de elementos que apresentassem valores ou características nacionais, como a fauna, flora, instrumentos musicais, práticas medicinais, mitos, lendas, expressões indígenas, entre outros; ou seja, procurava acima de tudo escrever a psicologia do brasileiro.Além disso, ele fez uma minuciosa, pesquisa entre vários autores que fizeram estudos sobre os costumes, a cultura indígena, e o folclore, mas principalmente o etnógrafo alemão Theodor Koch-Grumberg.Koch-Grunberg, fala sobre seus estudos sobre a cultura indígena realizados entre tribos do extremo norte do Brasil, Guianas e Venezuela.Além de suas pesquisas bibliográficas, enquanto escrevia Macunaíma, Mário de Andrade fez uma viagem até o norte do país, Amazonas e Pará.Mário de Andrade retirou seu herói de seu livro de um dos volumes de Koch-Grunberg, onde nele trata de mitos e lendas que aparece Macunaíma; ele é um deus e herói civilizador, contraditório, irreverente, preguiçoso e sensual. Assim, Mário de Andrade, o identificava com o comportamento do povo brasileiro.Através do livro, o autor procurou desregionalizar os acontecimentos, procurando quebrar o regionalismo. O autor coloca lendas indígenas em uma área metropolitana. A lição do livro é: é possível encontrar os valores e as necessidades que irão apontar um caminho cultural de independência para o Brasil.Mario de Andrade é um dos principais responsáveis pela Semana da Arte Moderna, traz em suas obras, grandes características modernistas, por exemplo:Busca a originalidade, a qualquer preço; Mistura termos de origem indígena, africana, gírias populares, arcadismo e regionalismos.Um dos objetivos de Mário de Andrade e dos modernistas em geral, já se alongava na busca da compreensão do comportamento e das necessidades brasileiras. O que ele propôs era o conhecimento do povo brasileiro em profundidade, desejando a nacionalização da Literatura Brasileira.
By Renato Oliveira

Macunaíma e a renovação da linguagem literária



Publicado em 1928, numa tiragem de apenas oitocentos exemplares (Mário de Andrade não conseguira editor), Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, é uma das obras pilares da cultura brasileira. Numa narrativa fantástica e picaresca, ou, melhor dizendo, “malandra”, herdeira direta das Memórias de um Sargento de Milícias (1852) de Manuel Antônio de Almeida, Mário de Andrade reelaborar literariamente temas de mitologia indígena e visões folclóricas da Amazônia e do resto do país, fundando uma nova linguagem literária, saborosamente brasileira. Macunaíma - bem como Memórias Sentimentais de João Miramar (1924) e Serafim Ponte Grande (1933), de Oswald de Andrade - foram obras revolucionárias na medida em que desafiaram o sistema cultural vigente, propondo, através de uma nova organização da linguagem literária, o lançamento de outras informações culturais, diferentes em tudo das posições mantidas por uma sociedade dominada até então pelo reacionarismo e o atraso cultural generalizado. Nacionalista crítico, sem xenofobia, Macunaíma é a obra que melhor concretiza as propostas do movimento da Antropofagia (1928), criado por Oswald de Andrade, que buscava uma relação de igualdade real da cultura brasileira com as demais. Não a rejeição pura e simples do que vem de fora, mas consumir aquilo que há de bom na arte estrangeira. Não evitá-la, mas, como um antropófago, comer o que mereça ser comido. O tom bem humorado e a inventividade narrativa e lingüística fazem de Macunaíma uma das obras modernistas brasileiras mais afinadas com a literatura de vanguarda no mundo, na sua época. Nesse romance encontram-se dadaísmo, futurismo, expressionismo e surrealismo aplicados a um vasto conhecimento das raízes da cultura brasileira.


By Gabriel T. Lobo

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Romantismo


O Romantismo foi uma revolução num amplo sentido. É nele que a concepção de mundo e as atitudes que se tomam diante dele passam a ser distintas das que marcaram os séculos anteriores. O final do século XVIII é marcado pela dissolução de várias aristocracias governantes, através de revoluções, que mudaram os valores na literatura que até então então eram exprimidos na tragédia e em outros gêneros clássicos. Isto teve grande influência da Revolução Industrial, principalmente na Inglaterra e Alemanha, países onde o romantismo começa dominar o cenário cultural.

O Romantismo traz para a literatura a noção do progresso indefinido na humanidade e da relatividade, e da evolução da civilizações. Idéias estas retomadas por Mário de Andrade em Macunaíma.


by Patrícia Mesquita

Macunaíma




A personagem-título, um herói sem nenhum caráter, é um índio que representa o povo brasileiro, mostrando a atração pela cidade grande de São Paulo e pela máquina. Escrito sob a ótica cômica, utiliza os mitos indígenas, as lendas, provérbios do povo brasileiro e registra alguns aspectos do folclore do país até então pouco conhecidos.


Esta obra valoriza as raízes brasileiras e a linguagem utiliza o modo de falar dos brasileiros, buscando imitá-lo na escrita, a partir de uma idéia que Mário de Andrade tem de uma "gramatiquinha" brasileira que desvincularia o português do Brasil do de Portugal, e que vinha se desenrolando no país desde o Romantismo. Por conta disso, são comuns as substituições de "se" por "si", "cuspe" por "guspe" entre outras.


O episódio da "Carta pras Icamiabas", as senhoras amazonas, ao empregar o modo de expressão do português de Portugal antigo, implica numa crítica social, demonstrando que o português falado no Brasil é totalmente diferente demonstrando uma grande evolução diante da quebra de regras normativas totalmente arcaicas, apresenta uma quase diglossia entre o modo como a gramática manda escrever e como as pessoas efetivamente se comunicam.



by Ataís Pimentel

sábado, 11 de outubro de 2008

Relação entre Macunaíma e o personagem Hancock.


Neste último ano, foi lançado nos cinemas mundo afora um filme chamado Hancock, estrelando o famoso Will Smith como personagem principal.
Filme este que fez muito sucesso por todos os cinemas por qual passou. Agora um detalhe que chamou a atenção de quase ninguém, foi que o personagem Hancock e o nosso estudado, Macunaíma tem uma forte relação no que diz respeito à atitude.
Hancock se destacou negativamente por todo o território Norte Americano por seu jeito nada conveniente de resolver as situações corriqueiras que uma cidade normalmente passa.
Ele é um bêbado, que anda cambaleando por bancos e praças da cidade até que algum evento possa chamar sua atenção. Qualquer ato de heroísmo vem acompanhado de caos, carros destruídos, pessoas agredidas, e balas por todos os lados.
Não faz qualquer caso de ser respeitado ou bem visto pela população.
Seu caráter duvidoso, logo me fez lembrar diretamente o personagem central do nosso estudo,
Macunaíma, que de certa maneira, pode sim ser comparado à Hancock, visto a diferença de épocas em que vivem.
Macunaíma, o herói sem nenhum caráter realiza sim seus atos de heroísmo, mas dentro da realidade cabível, sem atos espalhafatosos, de uma maneira geral, e sem atos heróicos que vimos na literatura e cinema dos tempos atuais.
Já Hancock, vive no Século 21, cheio de tecnologias por todo o lado, tem o poder de voar, de realizar façanhas, coisas nunca antes vistas, possui uma força inimaginável, características de um herói contemporâneo.
A grande diferença para na data dos personagens.
Pois a comparação de personalidade pode sim ser facilmente feita ao se ler o livro escrito por Mário de Andrade e ver o filme de Joaquim Pedro de Andrade, e momentos depois, alugar o excelente filme Hancock, que por mim se define o Macunaíma Americano do Século 21.

By Matheus Martins

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

CURIOSIDADE:



Para índios, Monte Roraima é obra de Macunaíma

Árvore cortada pelo 'herói sem nenhum caráter' teria dado origem ao monte.
História é contada até hoje nas aldeias dos índios ingarikós da região.

Os índios ingarikós que vivem na região do Monte Roraima creditam o surgimento da montanha a Macunaíma, o herói sem nenhum caráter retratado em livro homônimo de Mário de Andrade.

Segundo a lenda, no local onde hoje está o monte havia uma árvore gigantesca com todos os tipos de frutos conhecidos. Por preguiça, Macunaíma teria cortado a árvore para pegar os frutos com mais facilidade. Em seu lugar, teria ficado apenas o tronco cortado da árvore (o Monte Roraima).

O índio ingarikó Odertino Barbosa, 23, disse que a lenda é contada até hoje nas aldeias ao redor do monte. De acordo com ele, depois de cortada, a árvore caiu na Guiana Inglesa, o que explicaria a floresta densa do outro lado da fronteira, em contraste com a região de campos do lado brasileiro. O surgimento das cachoeiras do monte, como a das Lágrimas, de 2.800 metros, e de lagos, como o das Andorinhas, são o "choro da natureza pelo crime de Macunaíma", disse Barbosa. Depois de ter cortado a árvore, Macunaíma teria desaparecido, afirmou.


by Patrícia Mesquita

Maculelê



Uma relação bem parecida, porém estranha... Umas das principais características de Macunaíma era a preguiça e a forte admiração por maquinas. Se bem observamos, a sociedade brasileira tem como heróis uma classe muito restrita a pessoas famosas, e destacada pela mídia, pessoas nas quais a população se inspiram. Mas os “verdadeiros heróis”, os quais ninguém vê, justamente por se omitirem muitas vezes e se desviarem desse status, os policiais, os governantes entre outras pessoas das quais a população depende, se assemelham muito com Macunaíma, tendo em vista que os “nossos heróis”, fogem muitas vezes de seus compromissos, partindo muitas vezes para corrupção, que pode ser comparada à dinheiro, tal comparado à máquina, tão admirada por Macunaíma.

By Ronan O. P. Bezerra

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Homer e Macunaima!











* Homer Simpsons - Homer e sua família (Marge, Bart, Lisa e Maggie) moram em Springfield uma típica cidade cuja localização não é explicitada na série. Famoso por dizer sempre "D'oh!", trabalha como inspetor da Central Nuclear de Springfield. Homer é uma sátira do típico pai-de-família americano. No seu trabalho como inspetor comete inúmeros erros, além de cair freqüentemente no sono, o que deixa a cidade em perigo. Com sua família acontece a mesma coisa, já que ele em geral é um péssimo pai e marido. Seu estado físico é deplorável, sua inteligência quase nula e sempre está em alguma encrenca produzida por sua irresponsabilidade ou atitude infantil e imatura. Contudo, de alguma forma Homer sempre consegue se livrar dos problemas, embora sua personalidade não mude. Uma virtude dele que aparece às vezes é que, apesar de tudo, tem um bom coração (por exemplo, doou um rim para seu pai). Mas geralmente isto é opacado pelo grau de ignorância e tolice que ele apresenta (continuando o exemplo, foi ele que causou a perda dos rins de seu pai). Até seus gostos são uma paródia do típico americano: ele é um bebedor compulsivo de cerveja, gosta de comer donuts, ficar assistindo à TV o dia todo, dormir e outras coisas. Houve, ao longo do seriado, várias explicações para a mínima inteligência do Homer: falou-se num gene que é transmitido de geração em geração aos homens da família Simpson - portanto, seu filho Bart e seu pai Abe possuem este problema - diminuindo progressivamente a inteligência do portador. Ou seja: os três e mais as futuras gerações de Homer Simpson serão todos um bando de idiotas. Depois foi revelado o fato dele ter um lápis crayon incrustado em uma parte do seu cérebro por causa de uma brincadeira de criança: introduzir crayons pelo nariz. Um dia uma cirurgia conseguiu retirar o crayon fazendo-o repentinamente mais inteligente. Graças a isso desenvolve uma relação muito especial com Lisa, mas ao ver que todo mundo o desprezava por isso pediu para que se recolocasse o crayon aonde estava (colocado por Moe, no seu bar). Homer até um ponto de sua vida somente era conhecido por Homer J. Simpson, quando descobriu que se chamava Homer Jay Simpson - descoberto apenas no episódio Jogado ao vento, 10ª temporada. Criou, quando se inscreveu com a sua família no Programa de Proteção de Testemunhas para se proteger do Ajudante Bob, um personagem fictício, Homer Thompson, e também uma família fícticia, os Thompson.

Macunaíma e Homer Simpsons?



Sim, por incrivel que pareça os dois são muito parecidos, cada um no seu tempo, na sua época, os dois são "hérois", preguiçosos, nao fazem nada de produtivo, as histórias dos simpsons são fictíias e algumas impossiveis de acontecer, lendas... o mesmo com macunaíma! Há uma relação entre as duas histórias!

By Isabela Olivieri e Jackson Estevão

O Livro


Pertencente à coleção Lygia Fagundes Telles, a primeira edição de Macunaíma, de Mário de Andrade. O exemplar traz dedicatória do autor à escritora.



By Isabela Olivieri

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Iracema e Macunaíma

No Roteiro de Macunaíma há diversas relações de semelhança entre Macunaíma (1928), de Mário de Andrade, e Iracema. Entre essas destacam-se as semelhanças entre as personagens de Iracema e de Ci, a mãe do mato: "Ci aromava tanto que Macunaíma tinha tonteiras de moleza" (M.A.) -- "Todas as noites a esposa perfumava seu corpo e a alva rede, para que o amor do guerreiro se deleitasse nela (J. A.). É a rede de cabelos que torna a Mãe do Mato inesquecível, e é uma rede que Iracema oferece ao guerreiro branco: --” Guerreiro que levas o sono de meus olhos, leva a minha rede também. Quando nela dormires, falem em tua alma os sonhos de Iracema “(J.A.) Ambas… não têm leite. O de Ci foi a cobra preta que sugou; em Iracema o leite não chegava ao seio, diluído nas lágrimas de saudade. "A jovem mãe suspendeu o filho à teta; mas a boca infantil não emudeceu. O leite escasso não apojava o peito “(J. A.). Em Macunaíma, o filho do herói” chupou o peito da mãe no outro dia, chupou mais, deu um suspiro envenenado e morreu “. Por outro lado, as oposições prevalecem desde o nascimento de ambos os personagens, foto observado nos trechos a seguir: "No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite.” “Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.” Essas diferenças são justificadas pelos estilos literários diferentes utilizados para as realizações das Obras. Em Macunaíma, Mario de Andrade usa o nacionalismo crítico, sem xenofobia, concretizando as propostas do movimento da Antropofagia (1928), criado por Oswald de Andrade, que buscava uma relação de igualdade real da cultura brasileira com as demais. Não a rejeição pura e simples do que vem de fora, mas consumir aquilo que há de bom na arte estrangeira. Não evitá-la, mas, como um antropófago, comer o que mereça ser comido. Já José de Alencar, com seu romantismo descreve Iracema como a índia idealizada, exagerando nas suas qualidades e sem nenhum defeito, além da exploração do vocabulário indígena no português falado no Brasil.

By Jessica Blenda

Contexto Histórico

A obra "Macunaíma", de Mário de Andrade, foi lançada em um período de transição. Em 1928, São Paulo começava a se industrializar e se desenvolver, mas o Rio de Janeiro ainda era o principal pólo político e econômico do país. O país vivia o fim da República Velha. O presidente da época era Washington Luís, o último presidente antes de Getúlio Vargas, que subiu ao poder em 1930. Em termos políticos, o desgaste daquele modelo baseado no rodízio entre São Paulo e Minas Gerais no poder só iria ser explicitado no ano seguinte, com o surgimento da Aliança Liberal, uma resposta aos compromissos do café-com-leite. Economicamente, São Paulo começava a se industrializar, mas ainda havia a oligarquia cafeeira. Na área econômica, o país dava sinais de que começava a mudar. É sintomático que em 1928 tenha surgido o Ciesp, o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo. A indústria mesmo só iria começar a decolar nos anos 30, em decorrência à crise do café, atingido pela Grande Depressão de 1929, mas, no final dos anos 20, essa industrialização engatinhava. A Semana de Arte Moderna de 1922,foi conseqüência da nossa mentalidade industrial. Pode-se dizer, que não só a economia cafeeira promovia os recursos, mas a indústria com sua ansiedade do novo, a estimulação do progresso, fazia com que a competição invadisse todos os campos de atividade. Isto é, os barões do café foram os financiadores do evento, por motivos políticos, econômicos, culturais e até mesmo sentimentais. E ao passo que aconteciam essas grandes transformações políticas ocorreram também grandes mudanças para a cultura brasileira, como a Semana de Arte Moderna e uma Obra que é a simbologia pura do nacionalismo crítico – Macunaíma.

By Jessica Blenda

A Costela de Grão Cão

Eu sou um escritor difícil
Que a muita gente enquisila,
Porém essa culpa é fácil De se acabar de uma vez:
E só tirar a cortina
Que entra luz nesta escuridez.
(Mário de andrade)


By Marlon Barbosa

Mário de Andrade


Um dos criadores do modernismo no Brasil, Mário Raul de Morais Andrade era de família rica e aristocrática. Formou-se no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, onde seria professor. Seu trabalho com a literatura começou bem cedo, em críticas escritas para jornais e revistas. Em 1917, publicou o primeiro livro, versos assinados com o pseudônimo Mário Sobral: "Há Uma Gota de Sangue em Cada Poema". Em 1921, Oswald de Andrade (depois de ter lido os originais de "Paulicéia Desvairada", que seria lançado em 1922) escreveu para o "Jornal do Commercio" um artigo em que chamava Mário de "meu poeta futurista". Junto com Oswald e outros intelectuais, Mário ajudou a preparar a Semana de Arte Moderna de 1922. No segundo dia de espetáculos, durante o intervalo, em pé na escadaria do Teatro Municipal, leu algumas páginas de seu livro de ensaios "A Escrava Que Não É Isaura". O público, despreparado para a ousadia, reagiu com vaias. "Amar, Verbo Intransitivo" (1927), o primeiro romance, desmascara a estrutura familiar paulistana. A história gira em torno de um rico industrial que contrata uma governanta (a Fräulein) para ensinar alemão aos filhos. Na verdade, tudo não passa de fachada para a iniciação sexual do filho mais velho. Em "Clã do Jabuti" (também de 1927), Mário mostra a importância que dá à pesquisa do folclore brasileiro, tendência que atingirá seu ponto alto no romance "Macunaíma" (1928), no qual recria mitos e lendas indígenas para traçar um painel do processo civilizatório brasileiro: "No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma". Na musicologia, seu "Ensaio Sobre a Música Brasileira" (1928) influenciou nossos maiores compositores contemporâneos, nomes como Heitor Villa-Lobos, Francisco Mignone, Lorenzo Fernández, Camargo Guarnieri. Como contista, os trabalhos mais significativos de Mário de Andrade acham-se em "Belazarte" e "Contos Novos". O primeiro livro mostra a preocupação do autor em denunciar as desigualdades sociais. O segundo se constitui de textos esparsos (reunidos em publicação póstuma), mas traz os contos mais importantes, como "Peru de Natal" e "Frederico Paciência". Mario de Andrade lecionou por algum tempo na Universidade do Distrito Federal (Rio de Janeiro) e exerceu vários cargos públicos ligados à cultura, no que sobressaía seu lado de pesquisador do folclore nacional. Teve ainda participação importante nas principais revistas modernistas: "Klaxon", "Estética" e "Terra Roxa e Outras Terras". Morreu de ataque cardíaco, aos 51 anos. Sua obra poética foi reunida e publicada postumamente em "Poesias Completas".


By Marlon Barbosa

Grande Otelo



Grande artista de cassinos cariocas e do chamado teatro de revista, participou de diversos filmes brasileiros de sucesso, entre os quais as famosas comédias nos anos 40/50, que estrelou em parceria com o cômico Oscarito, e a versão cinematográfica de Macunaíma, realizada em 1969. Conheceu Orson Welles quando este veio filmar no Brasil, na década de 1940. O grande ator e diretor estadunidense considerava Grande Otelo como o maior ator brasileiro[1]. Sua vida teve várias tragédias. Seu pai morreu esfaqueado e a mãe era alcoólatra. Quando já era um ator consagrado, sua mulher matou o filho do casal, de seis anos de idade, com veneno, e se suicidou em seguida. Grande Otelo vivia em Uberlândia quando conheceu uma companhia de teatro mambembe e foi embora com eles, com o consentimento da diretora do grupo, Abigail Parecis, que o levou para São Paulo. Ele voltou a fugir, foi para o Juizado de Menores, onde foi adotado pela família do político Antonio de Queiroz. Otelo estudou então no Colégio Sagrado Coração de Jesus até a terceira série ginasial. Participou na década de 1920 da Companhia Negra de Revistas, que tinha Pixinguinha como maestro. Foi em 1932 que entrou para a Companhia Jardel Jércolis, um dos pioneiros do teatro de revista. Foi nessa época que ganhou o apelido de Grande Otelo, como ficou conhecido. No cinema, participou em 1942 do filme It's All True, de Orson Welles. Além de suas inúmeras parcerias com Oscarito, um de seus grandes personagens foi em Macunaíma (1969), filme baseada na obra de Mário de Andrade. Participou também do filme de Werner Herzog, Fitzcarraldo, de 1982, filmado na floresta amazônica. Desde os anos 60 Otelo era contratado da TV Globo, onde atuou em diversas telenovelas de grande sucesso, como Uma Rosa com Amor, entre várias outras. Também trabalhou no humorístico Escolinha do Professor Raimundo, no início dos anos 90. Seu último trabalho foi uma participação na telenovela Renascer, pouco antes de morrer. Grande Otelo faleceu em 1993 de um ataque do coração fulminante, quando viajava para Paris para uma homenagem que receberia no Festival de Nantes.

By Marlon Barbosa


Macunaima - Significados


significados:

* O nome é composto pela palavra "maku", que significa mau, e o sufixo "ima", que quer dizer grande; significaria, portanto, “o grande mau”, denominação adequada ao caráter intrigante e funesto do herói.

*De origem indígena; aquele que trabalha durante a noite.


By Isabela Olivieri

Comentário - Chico Lopes


“Tenho a impressão de que ‘Macunaíma’, que li nos meus anos de juventude repletos de descobertas quanto à literatura brasileira e reli uns 20 anos depois, mais sereno e cético, sempre foi para mim uma espécie de fantasma multicolorido a pairar na consciência brasileira. Preguiça, sensualidade desabusada, troca de raça e cor, venalidade feliz, abjeção carnavalesca, a fuga por um mosaico alucinado de Brasis. Não se pode pensar o Brasil real sem o ‘o grande Mal’ divertido de Mário de Andrade. Esse herói, tão assumidamente alheio ao heroísmo clássico, é visto sempre como pouco heróico e, no entanto, não me parece apenas assim. Diria que o sinto também como um herói trágico, dionisíaco, e lutando com um dilema que assola os brasileiros desde sempre e não dá sinal de solução: o da identidade, simbolizada pelo amuleto muiraquitã. A decantada ‘falta de caráter’, em geral vista como um sinal de abertura e legitimação para a corrupção e a farra, parece carregar tintas mais sombrias, nos últimos tempos. Como o país vem progressivamente se tornando gravemente desconfiado de seu mito nacional de cordialidade, é possível que Macunaíma já tenha assumido um outro perfil e seja menos alegre que o grande Pândego que habitaria sob nossos paletós e gravatas. Mas esse lado sombrio nunca esteve descolado de sua totalidade. Macunaíma é um símbolo de muitos usos e infindáveis sentidos. É o símbolo maior de um país com uma estranha propensão a uma perversa alegria desenfreada e a se perder de si mesmo, fazendo trágicos mergulhos sem volta em rios repletos de miragens”.



(Francisco Lopes, ou simplesmente Chico Lopes, é um escritor brasileiro)


By Marlon Barbosa

Herói de nossa gente!


Macunaíma

“Portela apresenta/ Do folclore tradições/ Milagres do sertão à mata virgem/ Assombrada com mil tentações/ Cy, a rainha mãe do mato, oi/ Macunaíma fascinou/ Ao luar se fez poema/ Mas ao filho encarnado/ Toda maldição legou/ Macunaíma índio branco catimbeiro/ Negro sonso feiticeiroMata a cobra e dá um nó/ Cy, em forma de estrela/ À Macunaíma dá/ Um talismã que ele perde e sai a vagar/ Canta o uirapuru e encanta/ Liberta a mágoa do seu triste coração/ Negrinho do pastoreio foi a sua salvação/ E derrotando o gigante/ Era uma vez Piaiman/ Macunaíma volta com o muiraquitãMarupiara na luta e no amor/ Quando para a pedra para sempre o monstro levou/ O nosso herói assim cantou/ Vou-me embora, vou-me embora/ Eu aqui volto mais não/ Vou morar no infinito/ E virar constelação”

By Marlon Barbosa